segunda-feira, 25 de março de 2013


ADAUTO SILVA

Estiloso, elegante, talentoso, maduro, profissional... Os adjetivos são muitos para definir a arte impecável de ADAUTO SILVA, esse jovem veterano artista dos quadrinhos, egresso de uma das mais bem sucedidas e perfeitas "escolas" de desenhista, a RGE - Rio Gráfica Editora; dum tempo em que uma bela quantidade de desenhistas tiveram a felicidade de trabalhar e produzir juntos, um aprendendo com o outro, num perfeito sistema de linha de produção diária, contínuo, onde jovens aspirantes aprendiam com mestres veteranos os primeiros traços, a forma precisa do esboço, da marcação, os contrastes, o jogo exato do preto e branco e a feitura da figura humana com graça e vigor. Mestres que por sua vez seguiam os ditames e tinham grande influência dos maiores desenhistas de tiras para jornais da época: Alex Raymond, Hal Foster, Miltion Caniff, John Cullen Murphy, Sy Barry, entre outros bambas. Desse amálgama, creio, se forjou o "estilo RGE" que, aliás, o Adauto é um dos seus maiores nomes.
Para vocês terem uma pequena ideia da qualidade do trabalho desse artista, se me fosse exigido uma lista dos dez maiores desenhistas de quadrinhos do Brasil, o nome de Adauto Silva seria imediatamente lembrado. A arte dele reverbera.
O motivo desse meu entusiasmo e esse meu breve comentário é que o nobre editor JOSÉ SALLES me enviou um belo pacote com as publicações da Editora Júpiter II e, entre elas, havia duas belas edições da coleção Romance em Quadrinhos, com desenhos de Adauto Silva e texto surpreendentemente bom do próprio José Salles; digo isso com surpresa porque, num mercado de trabalho escasso, quase inexistente, uma das queixas mais freqüentes era de que havia bons desenhistas, mas carecia de roteiristas, portanto achei incrível ver que a paixão do editor da Júpiter II pelos quadrinhos vai além do ato de editar. José Salles escreve com maestria.
A grande maioria dos autores brasileiros estão atolados entre dois temas: o gênero gringo super-heróis (que tanto gostamos) ou o cangaço. José Salles prova em suas publicações que se pode ir muito além, basta leitura e informação para se moldar um bom escritor (e uma pitada de talento)...
No seu Romance em Quadrinhos número dois ele mostra as aventuras e o romance de um soldado brasileiro no Haiti; nessa HQ, além duma bela narrativa, ele sintetiza muita informação, mas de uma maneira imperceptível, diluída, como manda um bom roteiro de quadrinhos. De quebra uma emocionante homenagem na página 29 a um oficial do exército brasileiro. Tudo sempre de uma maneira discreta, sem deixar o leitor esquecer jamais que está lendo uma publicação para se entreter e emocionar.
Grande abraço aos dois e obrigado pelas belas publicações.

Mais informações, acesse:
http://jupiter2hq.blogspot.com.br/2012/08/saiu-pela-cooperativa-jupiter-ii-o.html

terça-feira, 12 de março de 2013

sexta-feira, 8 de março de 2013


Eu invejo o EMIR RIBEIRO.

Este jovem veterano e Mestre dos quadrinhos que sabe como ninguém escrever divertidas HQs, construir personagens, situações e criar heróis, acaba de lançar mais um gibi: VELTA & RAIO NEGRO número 3, publicado pelo entusiasta editor de quadrinhos nacionais, o nobre JOSÉ SALLES.
Temos duas HQs nessa edição: uma, "O Rapto de Marajoara", que, para quem não se recorda é a esposa de Roberto Sales, a identidade secreta de Raio Negro.
Aqui temos uma inusitada união do Por Art - vilão antológico criado pelo GEDEONE MALAGOLA e o GARRA CINZENTA, criação de FRANCISCO ARMOND e RENATO SILVA.
Pop Art é resgatado pelo Garra num ambiente que somente o fino humor do Emir poderia conceber.
Numa trama envolvendo familiares (especialidade desse prolífico autor/desenhista) que resgata o bom humor dos antigos gibis, a sordidez pela sordidez dos vilões que querem apenas e somente acabar com o herói da revista e se der tempo conquistar o mundo, onde há muita ação e muito suspense, coisa rara de se conseguir em 23 páginas de quadrinhos, Emir constrói tijolinho por tijolinho essa saborosa aventura, na verdade uma crônica, ou um conto preciso tão estiloso na sua maneira de ser, com finais duplos, sutileza e humor.  Haja síntese e talento.
No final da revista uma pequena pérola de cinco páginas; Raio Negro reencontra o Homem Lua, e mais uma vez os diálogos atualizados, corrosivos e bem humorados do Emir voltam à tona.
Finalizando, a obra do Emir merece um estudo acadêmico, um TCC... Caso alguém ainda não o tenha feito, fica aqui plantada a sugestão.
Em tempo: passado mais de 35 anos a VELTA continua com belas pernas  (vide páginas 23 e 24), rsss...
Um OSCAR pra você amigo EMIR, e parabéns sempre.